segunda-feira, 29 de junho de 2009

RFID: Privacidade, Padronização, Limites e Perspectivas

Privacidade

Mas à medida que cresce o uso da tecnologia RFID, aumentam também as discussões éticas que envolvem o tema. As etiquetas em si não têm capacidade para armazenar dados pessoais dos consumidores; elas apenas guardam um número que possibilita a identificação de um produto adquirido por essas pessoas. A polêmica, porém, tem início quando as lojas começam a associar o comprador ao produto sem o seu consentimento - o que pode ser feito também, mas não somente, com a tecnologia RFID. Abre-se um canal para que cartões bancários sejam enviados sem solicitação, e que promoções indesejadas sejam oferecidas sem prévio consentimento do usuário.

Regiane Relva afirma que esse tipo de ação, no entanto, já acontece atualmente, mesmo com o uso limitado da tecnologia RFID. “Pouca gente sabe que quando se inscreve em um programa de fidelidade de um supermercado, por exemplo, cria-se uma imensa lista com tudo o que é comprado. Depois, essa informação é usada para mandar propaganda direcionada”, destaca. “Em cada venda somos levados a fornecer nossos dados, e os argumentos são vários: descontos irresistíveis, milhagem, regalias. Até a legislação federal pede para que todas as vendas sejam associadas a um CPF”, analisa a professora.

Padronização

Ainda não há definição legal quanto à padronização da tecnologia – o que facilitaria o estabelecimento de um regulamento ético a ser seguido. A EPCglobal é uma das entidades mundiais sem fins lucrativos que defende a padronização da identificação por radiofreqüência. A GS1 também trabalha para o estabelecimento de padrões de uso para a tecnologia. “A proposta para um padrão único já existe e está sendo discutida mundialmente”, conta Roberto Matsubayashi, gerente de soluções da GS1 Brasil.

O executivo explica que as especificações surgem à medida que a tecnologia é implantada. “As empresas explicam o que precisam, como maiores distâncias de leitura das etiquetas, novas chaves para criptografia, ou maior taxa de transferências de dados, e a gente tenta elaborar um padrão que dê conta de todas essas necessidades”, diz.

Matsubayashi faz questão de lembrar que a privacidade do consumidor também é levada em conta quando se discute o assunto e que um Comitê de Políticas Públicas foi criado para tratar de questões que envolvem o assunto. “Os produtos que usam a tecnologia deverão contar com algum tipo de selo que informe o cliente que sobre o uso de etiquetas RFID, por exemplo”, conta. Inutilizar a etiqueta assim que ela sai da loja é outra medida que, segundo o executivo, é válida para proteger o comprador. Quanto à segurança no uso da tecnologia, Regiane Relva lembra que a tecnologia está exposta. “Como é baseada em redes sem fio o RFID está sujeito às invasões de hackers e vírus”, alerta Relva.

Limites e perspectivas da tecnologia

Segundo Regiane Relva, uma série de dificuldades tecnológicas ainda tem de ser superadas para que o RFID conquiste mais espaço no mercado. Entre os obstáculos, está dificuldade de leitura e gravação de dados em ambientes próximos a metais ou líquidos - supermercados, por exemplo. Alguns desses problemas foram constatados no projeto piloto conduzido pelo Grupo Pão de Açúcar. Docas metálicas, líquidos e gel atrapalharam a leitura de dados, o que exigiu o reposicionamento das antenas de captação de sinal. Mesmo assim, o índice de leitura obtido foi de 97%, segundo o Pão de Açúcar.

Para Regiane Relva, “ainda há vários detalhes a acertar, mas o RFID já está engatinhando e quase aprendendo a andar”, comemora. Muitos dos novos usos da solução foram apresentados durante a CeBIT 2006, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo que acontece anualmente em Hannover, na Alemanha.

Uma delas é a geladeira do futuro. Com um leitor de chips RFID, o eletrodoméstico identifica os produtos estocados e avisa ao usuário quando um produto com a etiqueta está acabando ou perderá a validade. Já a máquina de lavar roupas do futuro identifica a roupa pelo chip e avisa ao usuário qual ciclo da máquina deve ser utilizado para não estragá-la. Outra novidade que se vale da tecnologia é o provador do futuro. Trata-se de um espelho que interage com o público à medida que as roupas – etiquetadas – são retiradas das gôndolas. A idéia do protótipo é que no futuro, o próprio cliente seja “escaneado” dos pés à cabeça e que ele se veja “vestido com as roupas” sem ter que experimentá-las.

Outra parte interessante do texto que é resultado da entrevista feita por João Loes a Regiane Relva (Professora Universitária de Tecnologia da Informação na Faculdade de Informática e Administração Paulista) e a Roberto Matsubayashi (Gerente de soluções da GS1 Brasil)

Um comentário:

  1. No link abaixo, tem um material sobre o RFID, nele tem a informação que as etiquetas RFID tem um grande problema, pois não contém nenhuma rotina ou dispositivo para proteger seus dados.

    http://www.mundowireless.com.br/rfid-radio-frequency-identification

    Pelo conhecimento de vocês, é correta essa informação?

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